segunda-feira, 13 de maio de 2013

BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA - Biologia - Trabalhos Escolares



BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA

      Os brasileiros são extremamente zelosos quando se trata de proteger a imensa riqueza em biodiversidade da Amazônia. Assim, em função de um contrato mal feito entre a Bioamazônia (uma organização social criada com o incentivo do governo) e a multinacional suiça da área farmacêutica e biotecnológica, a Novartis, destinado a fazer bioprospecção de plantas de interesse comercial da região amazônica, o governo brasileiro baixou uma medida provisória (MP 2052, 29/06/2000) proibindo (até sua regulamentação em 30/12/2000) a saída de material genético do Brasil para outros Estados do Brasil e Exterior. Isso tem gerado um certo mal-estar entre algumas instituições de pesquisas nacionais devido ao fato da regulamentação brasileira ter colocado no mesmo nível tanto a biopirataria propriamente dita, como o legítimo intercâmbio de material biológico entre cientistas brasileiros e com seus colegas do exterior.

          Biopirataria, na verdade, é um termo novo para um problema velho. Quem não sabe que cientistas inglêses contrabandearam sementes da árvore da borracha no final do século passado para transformá-la nas imensas plantações de seringa nas suas colônias na Ásia? Isso redundou na decadência dos seringais nativos da amazônia e na inviabilidade econômica dessa atividade na região. Do mesmo modo, brasileiros contrabandearam as sementes do café da Guiana para as terras brasileiras, redundando num ciclo de prosperidade conhecido na história do Brasil como ciclo do Café.

       A biopirataria não é apenas o contrabando de diversas formas de vida da flora e fauna mas principalmente, a apropriação e monopolização dos conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais. Ainda existe o fato de que estas populações estão perdendo o controle sobre esses recursos. No entanto, esta situação não é nova na Amazônia.
Este conhecimento portanto, é coletivo, e não simplesmente uma mercadoria que se pode comercializar como qualquer objeto no mercado.
Porém, nos últimos anos, através do avanço da biotecnologia, da facilidade de se registrar marcas e patentes em âmbito internacional, bem como dos acordos internacionais sobre propriedade intelectual, tais como TRIPs, as possibilidades de tal exploração se multiplicaram.

No entanto, existem também esforços para reverter este quadro:

Em 1992, durante a ECO-92 no Rio de Janeiro, foi assinado a Convenção da Diversidade Biológica que visa, entre outros, a regulamentação do acesso aos recursos biológicos e a repartição dos benefícios oriundos da comercialização desses recursos para as comunidades.
Em 1995, a Senadora Marina Silva (a partir de 2003, Ministra de Meio Ambiente do Brasil) apresentou um projeto de lei para criar mecanismos legais para por em pratica as providências da Convenção da Diversidade Biológica.
Em Dezembro 2001, Pajés de diferentes comunidades indígenas do Brasil formularam a carta de São Luis do Maranhão, um importante documento para OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual da ONU), questionando frontalmente toda forma de patenteamento que derive de acessos a conhecimentos tradicionais.
Em maio de 2002, dez anos após a Eco 92 houve em Rio Branco - Acre, o workshop "Cultivando Diversidade". 0 evento foi realizado pela ONG internacional GRAIN (Ação Internacional pelos Recursos Genéticos) em parceria com o GTA-Acre. Participaram deste evento mais de 100 representantes de agricultores, pescadores, povos indígenas, extrativistas, artesãos e ONGs de 32 países da Ásia, África e América Latina, os quais formularam o "Compromisso de Rio Branco", alertando sobre a ameaça da biopirataria e requerendo, entre outros, que patenteamento de seres vivos e qualquer forma de propriedade intelectual sobre a biodiversidade e o conhecimento tradicional sejam banidos.
        Entretanto, estes esforços parecem tímidos quando comparados à ganância dos especuladores e das empresas multinacionais que vêm cada vez mais se apossando, de maneira indescente, das riquezas da Amazônia.

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