sexta-feira, 24 de maio de 2013

EUGENIA - GENÉTICA - Biologia - Trabalho Escolar - Trabalhos Escolares.



EUGENIA

No início do século XX, com a divulgação dos trabalhos de Mendel sobre herança genética, muitos pensaram em aplicá-los na eliminação ou correção de caracteres considerados indesejáveis da raça humana. Entretanto, essas idéias caíram em descrédito depois que os nazistas usaram a eugenia para justificar a eliminação de judeus, negros e homossexuais.
Eugenia é o conjunto de técnicas cuja aplicação leva à melhora genética da espécie humana. Esse objetivo caracteriza a eugenia denominada positiva, enquanto a eugenia negativa tem por fim evitar o nascimento de seres afetados por malformações congênitas graves.


Histórico. Por meio da interferência na conformação genética de animais e plantas úteis, foi possível melhorar muito seu rendimento. Esses resultados levaram o homem a pensar nas possibilidades de aperfeiçoar sua própria espécie.  Platão descreve, em República, uma sociedade na qual se procura aperfeiçoar a humanidade por processos seletivos. A primeira explanação profunda da eugenia foi feita pelo cientista inglês Francis Galton, primo de Charles Darwin e pioneiro no uso de estatísticas, que pela primeira vez usou a palavra eugenia, em 1883. Em seu livro Hereditary Genius (1869; O gênio herdado), Galton examinou a inteligência em sucessivas gerações de várias famílias, e concluiu que o gênio se transmite hereditariamente.
O movimento eugenista ganhou adeptos entre os biólogos e mais ainda entre leigos, graças a sua motivação humanitária e utópica. Trazia, porém, em seu próprio bojo, o germe do declínio, por ter-se tornado mais emocional do que científico e ser, desde o início, declaradamente racista. Muitos eugenistas menosprezaram a influência que o ambiente exerce sobre as características do indivíduo e levaram os princípios eugênicos ao extremo. Assim, adotaram posições de classe e racistas que em alguns casos, como no do regime nacional-socialista alemão, descambaram para uma verdadeira patologia racista, que levou a genocídios.
É tão difícil definir e quantificar a inteligência quanto estabelecer a influência exercida sobre ela pela hereditariedade e o ambiente. Esta última questão pode ser analisada e discutida a partir de perspectivas e métodos analíticos diversos. Sabe-se que a hereditariedade desempenha um papel importante, mas nunca exclusivo.
O conhecimento dos mecanismos de transmissão e expressão dos caracteres hereditários possibilita inibir o nascimento de crianças com defeitos físicos ou enfermidades. Contudo, as doenças graves, nitidamente hereditárias, que seriam o alvo de um programa eugênico bem-sucedido, têm freqüência muito baixa nas populações, pois é a própria seleção natural que as mantém sob controle. Quanto ao aspecto ético, não se consegue acordo sobre até que ponto o estado deve impedir ou favorecer a reprodução de certos cidadãos, sob a alegação de que a sua prole tem probabilidade menor ou maior de ser bem dotada.
Apesar de tudo isso, o movimento eugênico chegou a inspirar a promulgação, em diversos países, de leis eugênicas que determinavam a esterilização compulsória de portadores de certas doenças hereditárias graves. Tal legislação, contudo, raramente tem sido aplicada. Ocorre que a eficiência da esterilização compulsória como medida eugênica seria praticamente nula, mesmo se posta em prática com rigor. Eliminaria, salvo quanto a mutações novas, qualquer enfermidade produzida por um gene dominante de penetrância completa, que se manifeste antes da puberdade; mas, se a doença é grave, a seleção natural já mantém sua incidência muito baixa e, se a doença é benigna, não se justifica a esterilização.
A esterilização voluntária é altamente recomendável em casos de risco alto de prole gravemente afetada, como medida isolada, para benefício de quem resolve submeter-se a ela; nunca chegará, entretanto, a adquirir impacto eugênico em escala populacional.


Consangüinidade. O casamento entre parentes consangüíneos próximos sofre restrições de leis religiosas e civis. Isso se justifica porque qualquer pessoa, mesmo que seja absolutamente normal, pode carregar genes recessivos prejudiciais, que, chegando em dose dupla a um descendente, podem produzir anomalias ou doenças. Quanto mais próximo é o parentesco entre duas pessoas, maior é a probabilidade de que ambas tenham o mesmo gene recessivo escondido e que portanto, casando-se, venham a ter filhos anormais. O risco não provém da consangüinidade em si mesma, e sim da presença de genes recessivos ruins na família. Se estes não estão  presentes, não há perigo para a prole, mas é impossível saber a priori se é esse o caso.


Efeito disgênico da medicina. O homem primitivo vivia exposto a desconfortos e perigos e se mantinha, em muitas áreas, à beira da extinção; a seleção natural, drástica, mantinha a baixa freqüência dos genes nocivos e promovia uma adaptação cada vez mais precisa ao ambiente. Com o desenvolvimento da tecnologia moderna, o homem passou a adaptar o ambiente a suas preferências, em lugar de adaptar-se biologicamente a ele. O resultado foi o afrouxamento da seleção natural e o aumento da variabilidade genética, pois muitos genótipos, inviáveis nos tempos primitivos, passaram a ter possibilidades de sobrevivência e reprodução. O advento dos óculos facilitou a sobrevivência dos míopes, e o da insulina, a dos diabéticos. Defeitos como esses, total ou parcialmente hereditários, aumentarão de freqüência com o passar das gerações, defendidos pela medicina e pela tecnologia. Tal conjuntura é, sem dúvida, disgênica, mas não tão seriamente como seria se esse acúmulo de genes nocivos ocorresse na população humana primitiva ou se, por uma catástrofe, o homem moderno tivesse de voltar às condições de vida da era pré-tecnológica.


Controle das radiações. As explosões experimentais de armas atômicas e a contaminação do ambiente por produtos oriundos de reatores atômicos criaram duas fontes ameaçadoras de resíduos radioativos, produtores de mutações. Estudos realizados por geneticistas contribuíram para a divulgação desse perigo e sensibilizaram o público e as autoridades. Isso determinou considerável redução das explosões atômicas, ao lado da procura de armas menos nocivas ao ambiente; e sem dúvida concorreu para que, desde o bombardeio atômico de Hiroxima e Nagasaki, nunca mais se tenham empregado armas atômicas nas guerras.  Os aparelhos de raios X, cujas radiações muitas vezes atingiram os médicos, enfermeiras e acompanhantes, por não terem os feixes bem colimados, passaram também a ser mais bem controlados.


Aconselhamento genético. O efeito disgênico decorrente do acúmulo de genes nocivos transmitidos por portadores de doenças hereditárias controladas pela medicina moderna encontra seu antídoto na difusão das clínicas da hereditariedade, nas quais se faz aconselhamento genético. O ideal dos pioneiros da eugenia, de reduzir ao mínimo a reprodução dos portadores de doenças hereditárias, era inoperante porque deixava de lado a maior fonte de genes nocivos, os portadores normais (heterozigotos) de genes recessivos.
O geneticista está hoje aparelhado para reconhecer heterozigotos normais de genes de várias doenças graves, ou pelo menos para determinar a probabilidade de que uma pessoa seja heterozigota, combinando os resultados de certos exames clínicos ou bioquímicos com dados de heredograma (árvore genealógica da família do paciente). Nas clínicas de aconselhamento genético, o especialista (médico ou geneticista) explica aos interessados a natureza da doença ou defeito que ocorreu em sua família e determina o risco de que novas crianças venham a ser afetadas. Com base no aconselhamento genético, os casais que já tiveram filhos afetados podem decidir não ter mais filhos; além disso, pessoas que tiveram filhos normais ou são ainda solteiras, mas pertencem a famílias que têm casos de afetados, podem levar em conta a probabilidade de que, embora normais, sejam portadores de genes nocivos, para decidir se é o caso de não se reproduzirem.

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